segunda-feira, 26 de agosto de 2013

As mini férias da Cleo.

 Desde terça feira passada que dei uma fugidinha das terras lisboetas e toca a rumar a Tondela, com o meu xuxu.
 Acontece que sempre que aqui a Cleo faz planos, calham sempre nas melhores alturas.

 Chegamos no dia em que o incêndio deflagrou e a partir daí todo o cenário belo da serra do Caramulo se tornou um inferno. As chamas eram enormes, o ar irrespirável e repleto de fumo, o vento arrastava para todo o lado cinzas e folhas negras ou ainda a arder que preencheram estradas, passeios, carros, varandas.
 As sirenes dos bombeiros tocavam noite, dia, madrugada, repetidamente. Garantidamente que conheci um pouco mais do inferno.
 Começaram a chegar bombeiros de todo o lado, de Queluz, da Amadora, do Porto, da Nazaré... Uma jovem acabou por perder a vida, outro ficou gravemente ferido, num fogo que ateimava em não cessar. Cruzava-me com alguns bombeiros na rua (estariam possivelmente a ter um pouco do mais que merecido descanso) e lá ouvi conversas em que alguns nem dormir durante o pouco tempo que tinham conseguiam. Muitas das viaturas já mostravam que a idade também lhes começava a pesar e aquelas pessoas com o pouco descanso e os equipamentos velhos lá subiam encosta mais uma vez, a arriscarem a própria vida pelas vidas dos outros. Se há pessoas que admiro são sem dúvida os bombeiros, pelo trabalho e dedicação deles e sinto uma profunda tristeza quando um deles se fere ou até mesmo perde a vida só para não deixarem civis em perigo.
 O Governo que temos devia de apoiar muito mais as corporações e as pessoas egoístas, que muitas vezes se queixam que os bombeiros se atrasam para as ajudar, deviam de pensar duas vezes antes de abrirem a boca. Tudo o que presenciei só serviu para aumentar ainda mais a consideração que tenho por este tipo de pessoas e que me fazem crer que neste país ainda temos muitos heróis.
 Felizmente o fogo por aqui já acabou e muitos dos bombeiros já foram embora também. Agora resta a imensa negrura na serra, repleta de cinzas.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Judite.

 Depois de passar os olhos por tantos posts sobre a "famosa entrevista" de Judite de Sousa ao tal rapaz brasileiro, lá me dignei eu a ver tal coisa.
 Confesso que dá para rir, e bem. É o espelho da sociedade que temos, infelizmente.
 Uma pessoa com um ordenado muito acima do nosso salário minimo nacional (referindo-me à D. Judite), teve um momento iluminado no qual achou perfeito falar em privilégios e obrigações do tal rapaz. Ora bem, posto isto de forma muito simples, se ele que tem imenso dinheiro tem (e não, não tem) obrigação de ajudar os que estão em dificuldades, não estará na lista de obrigações dela também? Tendo em conta que ganha mensalmente o salário minimo multiplicado por 56? Terá esta senhora a consciência tranquila, quando passa por algum sem abrigo ou algum necessitado e por acaso correrá ela em seu auxílio? Porque se considera obrigação do rapaz, não seria dela também, porque ela não é também uma privilegiada? Foi falar o roto ao nú...
 Sem referir os ataques todos infundados, o tom agressivo com que a entrevista foi conduzida e o facto de nem deixar o moço acabar de falar muitas das vezes, é caso para ter a certeza que estamos todos entregues aos bichos e ao cancro intelectual desta gentalha hipócrita.
 Em relação ao rapaz ter possivelmente um relógio de 50 mil euros, não é também problema dele? Aposto que se a senhora gostar de u'mamala Chanel e tiver possibilidade de a comprar que o fará, sem pensar sequer duas vezes nas almas pobrezinhas da crise deste país. Tal como qualquer um de nós, se fossemos mais abastados e pudéssemos gastar num pequeno ou grande luxo, qual seria o pecado de tal esbanjamento? Absolutamente nenhum! Tal como não teremos lugar garantido no céu só porque damos uma esmola a alguém mas não é certamente por isso que o vamos deixar de fazer.
 Tirando isto, adorei a nova visão sobre as tatuagens! Ter tatuagens é sinal de excentricidade. Pode ser que agora passe também eu a ser vista de outra maneira e me estendam algum tapete vermelho, em vez do tapete do preconceito. Ai, ai...

(O meu Benfica lá começou outro campeonato a não ganhar nada, mas não quero sequer abranger demais tal tema...)

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O dissabor do não saber.

 Aquele espetáculo multimédia que é projectado no Terreiro do Paço é realmente uma iniciativa fantástica com uns bastantes agradáveis 17 minutos, que valem e bem a pena. Está mais que recomendada uma espreitadela!

 Como não há bela sem senão, entristece-me imenso que, naquele mar de gente existam pessoas que, com idade para serem meus pais, digam em público atrocidades do seguinte género:
 "- Viriato foi aquele gajo que lutou lá contra os bárbaros." - Hum, sei. Só que não.
 "- D. Nuno Álvares Pereira foi o primeiro rei!" - isto dito para a criancinha que um dos progenitores tinha ao colo. Se começam com o déficit cognitivo desde pequenos não me admira a quantidade de bestas que este país terá daqui a uns anos. Sem falar, claro, nas actuais bestas que já por cá passeiam e debitam tais barbáries da boca para fora.
 Ou até mesmo pessoas que não sabem diferenciar o Reino de Castela com o actual país nosso vizinho. É que não eram beeem a mesma coisa. Mas isto sou eu, uma pessoa que pouco ou nada sabe. Apenas tenho medo que qualquer dia o pouco de QI que tenho me fuja, quando sou prendada pelos deuses com estas abéculas.


Num desabafo mais sincero, após tal belo espectáculo (e sem ironia aqui), dá para largar uns grandes suspiros e pensar o quão grandiosos e destemidos já fomos...


P.S- As fotos estão uma senhora porcaria comparando com a projecção. Vão lá e apreciem. :)

terça-feira, 13 de agosto de 2013

A idade pesa.

 Cada vez mais tenho certeza do quanto estou a ficar senil. Ou é crise de meia idade, ou é por ter o meu aniversário quase à porta.
 Abro o raio do blogue para debitar aqui as minhas belas palavras e não é que me esqueci completamente do que é que vinha falar?
 Cleo Maria, cuidado com o Alzheimer.

sábado, 10 de agosto de 2013

A Cleo e os transportes públicos.

 Para começar bem o Verão, devido ao infortúnio de ter tido um acidente de carro, não tive outra opção e toca a andar de transportes públicos.
 Não sou, nem nunca fui,  grande amante de pessoas em geral, de sítios relativamente apinhados de pessoas, de barulho e tudo o que por si só envolva bandos de pessoas. Transportes públicos estão claramente incluídos na lista. 
 Morando perto da maravilhosa zona da Amadora e arredores, qualquer autocarro que passe perto de alguma dessas localidades tem sempre, garantidamente, "música" (sim, que aquilo para mim de música não tem grande arte) num telemóvel alheio, aos berros, cantorias dos portadores dos ditos telemóveis e só não dançam todos uma "bela coreografia" porque os motoristas são umas bestas ao volante. Caso não fossem, teríamos também espectáculos de dança. (Ainda bem que não.)
 Outra coisa que adoro nos transportes públicos, principalmente quando apinhados, ou até mesmo fora deles, é a falta de higiene que muitas pessoas têm. Gente é Verão, sabe bem tomar banho e há desodorizantes baratos, pelo amor da santinha! Já não basta irmos todos no calor, espremidinhos com pessoas completamente estranhas (tal sardinha em lata) e ainda temos que levar com o doce aroma das entradas do Inferno. Juntamente com isso temos os roçancos... Eu e contacto físico com pessoas alheias dispenso. Até com pessoas conhecidas dispenso, quanto mais com alguém com quem raramente me cruzarei outra vez na vida. (Para mal dos meus pecados, fui uma viagem quase toda com as mamas (e senhoras mamas!) de uma senhora assim para o rechonchuda, a suar (e como suava!), ali enfiadinhas no meu braço. Para piorar, quanto mais eu me tentava mexer para me afastar, mais parecia que o meu braço era puxado lá para o meio da imensidão de carnes... Eww!)
 Para terminar estas desventuras acrescento ainda o facto de, graças à "imagem estranha" que tenho (cabelo vermelho, alta, com tatuagens grandes, piercings, etc) levar muitas vezes com olhares e caretas daqueles que não compreendem que não mandam nem controlam o corpo nem a vida de pessoas alheias. (Não é que eu sequer me chateie com isso, até acho piada ao quão fechada e preconceituosa a mente do ser humano pode ser e lá sigo o meu caminho). Outras vezes são as abordagens das gentes que querem saber que tinta uso no cabelo, onde fiz as tatuagens, onde comprei mala X ou sapatos Y, mas em vez do "boa tarde" ou "desculpe incomodar" NÃO! Tratam-me por "tu", querem tocar-me no cabelo, querem tocar-me nos adereços ou então enquanto me estão a abordar fazem sempre questão de me estar a tocar. Odeio! Oh, se odeio! Uma vez uma situação dessas foi tão incómoda para mim que estive por um fio para responder à rapariga que conseguia tal cor no cabelo porque sacrificava 40 virgens, todas as noites de lua cheia, aplicava o sangue das mesmas virgens por 3 dias e por 3 noites no cabelo e voilá. 
 Para concluir este post digo desde já que, se algum dia existir algum massacre em algum tranporte público, por favor não pensem logo em mim. Eu reclamo e estrabuxo muito, mas lá no fundo até sou simpática!